A Legionela,
Tendo tomado conhecimento, através da comunicação social, do aparecimento de colónias de Legionela em escolas, para além de outros locais , e refletindo sobre um tema que vimos acompanhando há vários anos, através de contatos com a Direção Geral de Saúde e de colóquios dedicados ao combate desta doença, vimos expor a nossa opinião, e de certa maneira alertar para algo que nos preocupa como técnicos e cidadãos portugueses.
Estranhamente, na razão inversa de proporcionalidade do perigo que representa a bactéria em causa, é nossa opinião que a comunidade não dá a devida atenção ao assunto.
A DGS confirmou que todos os rios portugueses (a maior fonte de água potável para consumo) transportam a bactéria. Por essa razão a bactéria chega a todos os núcleos urbanos do país, o que nos obriga a pensar num combate eficaz ao problema.
Mais se acresce a informação de que a bactéria, só se desenvolve se lhe dermos condições, nomeadamente com base na temperatura do meio condutor (água); ficando inativa abaixo dos 20º e morrendo acima dos 60º.
E qual a relação desta situação, com o meio escolar? Ou com equipamentos de utilização coletiva (lares, creche, etc)?
O problema, por falta de sensibilização da gravidade da doença, reside na elaboração dos projetos, seja em edifícios novos ou em reabilitações, que contemplam as chamadas redes de águas temperadas, as quais "trabalham" com as temperaturas ideais para o desenvolvimento da bactéria (cerca de 40º).
As redes de águas temperadas, que têm a vantagem de melhorar o controlo de temperatura nos chuveiros dos balneários, e por isso mais eficientes, com o passar dos anos de utilização vão desenvolvendo as colónias de bactérias, as quais são disseminadas através das gotículas suspensas no ar dos balneários, e consequentemente aspiradas pelos pulmões das potenciais vítimas, podendo provocar a morte das mesmas. Não há registo de um maior número de mortos (em escolas), porque os frequentadores dos balneários são jovens adolescentes, que possuem um grau elevado de resistência à doença. Já não será assim, no caso de um lar de idosos, onde a vigilância deverá ser muito apertada.
Descritos os perigos desta doença, importa pensar na solução, a qual é de fácil demonstração, ou seja, devemos trabalhar com temperaturas nas condutas, fora do intervalo onde existe risco associado, de 20 a 60º.
Para tal é preciso substituir as condutas de águas temperadas, por condutas independentes de água fria e água quente, as quais serão misturadas pelos utentes, na torneira onde se abre a água, ou seja, no destino final.
Perdemos eficiência do sistema, mas certamente eliminaremos um problema de saúde pública.
Isto terá alguns custos associados, pois obriga a duplicar as redes de água, nos serviços dos balneários, desde a fonte produtora de calor (vulgo caldeira) até às torneiras dos chuveiros.
Como as temperaturas globalmente estão a subir nos rios, fruto da evolução climatérica, este problema tenderá a aumentar, e consequentemente a causar mais vítimas.
Esperando ter dado algum contributo para o tema da Legionela, ficamos ao dispor para qualquer esclarecimento.